Cap. 20
— Onde está o chapéu? – pergunta o xerife Wayne.
— Veja isso! – diz um ofegante Augustus, quase esfregando o papel no rosto do xerife.
— Isso não parece ser um chapéu – retruca Wayne, tentando não engolir o cartaz enquanto fala.
Augustus insiste, em uma entonação entre euforia e desespero: — Esqueça o chapéu. Está vendo o que está escrito aqui, neste cartaz?
Xerife Wayne, desviando o olhar: — Rapaz, só me interesso por cartazes quando têm um rosto de procurado e um número com o valor da recompensa.
Augustus, já com a voz ficando aguda: — Eles estão aqui! Meu circo está se apresentando na cidade.
Wayne, monossilábico: — E...?
Augustus, suplicando com os olhos: — Você não vai me ajudar a recuperar meu circo?
Xerife, lacônico: — Não.
Augustus, já sem euforia e com mais desespero: — Como não? Você é um homem da lei!
Wayne termina sua bebida, se afasta do balcão, olha para Augustus calmamente e diz: — Eu sou, mas felizmente, eu não sou o homem da lei desta cidade. Aqui, você é problema de outro xerife. Boa sorte... para ele.
— Agora, com licença que eu tenho de comprar um chapéu, já que nem para isso você serviu - continua Wayne enquanto se afasta em direção à porta do saloon onde para e, antes de sair, avisa: — Lembre-se de pagar as bebidas.
Augustus ainda protesta no saloon, mas os pensamentos do xerife Wayne já estão longe, ele já se vê montado em seu cavalo e quase chegando de volta em Rotten Root.
Deixar aquele sujeitinho para trás proporciona uma sensação de alívio comparável ao fim de uma constipação de três dias após comer um porco bem apimentado. Wayne permite-se até mesmo um pequeno sorriso de canto de boca.
“Pronto, estou livre”, pensa o xerife enquanto sai para iniciar sua procura por um chapéu feminino. Até mesmo essa tarefa não lhe parece mais tão ruim assim.
No entanto, mal ele dá os primeiros passos e, com o canto dos olhos, percebe algo errado na cadeia do outro lado da rua.
Ele não consegue acreditar no que seus olhos veem, ou melhor, não veem.
— Diabos! Cadê o meu cavalo?